Poema Mulher

Mulher

Poema

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Lucília Panisset

Que mulher será esta  

que se mostra agora,  

que já fuma  

e até bebe,  

fala alto na rua,

que faz passeata,  

que canta,  

que ri,

que já não fica em casa,  

que estuda até tarde

e pilota a sua moto  

daqui para ali?

 

Que mulher será esta  

que está nos jornais,  

que é notícia em TV,

que governa países

e que até já comanda naves espaciais?

 

É mulher liberada,  

mutante, talvez,  

criação renovada  

que de novo se fez?

Será igual à mulher  

que trabalha no campo,  

na indústria,  

em comércio,

cujos filhos, em casa, em creches e escolas,

tem que, diariamente,  

sozinhos deixar

e que, de volta, bem tarde,

ainda tem roupa para lavar e passar?

 

É a mesma que, triste,

se deixa prender

e se frustra,  

não luta,

não se faz entender  

ou a que, submissa,  

se deixa mandar

e a que passa uma vida

sem se realizar?

 

Seja lá quem for ela,

Fernanda ou Maria,

que mensagem teria  

para o filho,

o amado, o irmão  

o amigo,

o homem, enfim?

 

"Acredito," diria,  

"que meu tempo chegou.  

Mas não quero vencê-lo...

Quero só os direitos

que, até aqui, me negou.  

Não siga na frente... (Eu já posso alcançá-lo!)  

Não me deixe para trás... (Poderei dominá-lo!)

Anda assim, compassado,  

pois nós, juntos,  

unidos,

mãos nas mãos,  

lado a lado,

de amor bem munidos,  

buscaremos a paz,

a harmonia perdida,  

encontrando, com ela,

a razão desta vida!"

 

Fonte:  

PANISSET, Lucília. O Renascer do Sonho – Poemas. Belo Horizonte: Épfata, 1999. P. 106-108.

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